Se fosse fácil...

"Se fosse fácil, não seria atingível!!!!!!"





"O fracasso não é opção!"















quinta-feira, 28 de abril de 2011

Acordos gramaticais e o Politicamente correcto...

Políticamente correcto




Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar "afro-americanos" aos negros, com vista a acabar com as raças por via gramatical - isto tem sido um fartote pegado!

As criadas dos anos 70 passaram a "empregadas" e preparam-se agora para receber menção de "auxiliares de apoio doméstico".

De igual modo, extinguíram-se nas escolas os "contínuos", passaram todos a "auxiliares da acção educativa".

Os vendedores de medicamentos, inchados de prosápia, tratam-se de "delegados de informação médica". E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em "técnicos de vendas".

O aborto efeminizou-se em "interrupção voluntária da gravidez".

Os gangues étnicos são "grupos de jovens", os operários fizeram-se de repente "colaboradores", e as fábricas, essas, vistas de dentro são "unidades produtivas" e vistas do estrangeiro são "centros de decisão nacionais".

O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à "iliteracia" galopante.

Desapareceram outrossim dos comboios as classes 1.ª e 2.ª, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes "Conforto" e "Turística".

A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...»; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família mono parental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.

Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um "comportamento disfuncional hiperactivo". Do mesmo modo, e para felicidade dos "encarregados de educação", os brilhantes programas escolares extinguíram os alunos cábulas, tais estudantes serão, quando muito, "crianças de desenvolvimento instável".

Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual". (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o "politicamente correcto" marimba-se para as regras gramaticais...)

Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em "implementações", "posturas pró-activas", "políticas fracturantes" e outros barbarismos da linguagem.

E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.

Já agora, as "p***s" passaram a ser "senhoras de alterne".

ESTAMOS LIXADOS COM ESTE "NOVO PORTUGUÊS", não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress, já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma "POLITICAMENTE CORRECTO".

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